Façam o seguinte exercício:
1 - Comecem a ouvir esta música, deixem-na tocar na alma; e
2 - Fechem os olhos e deixem chegar a noite pois com ela chegará, também, a manhã que se declara no primeiro esplendor da luz.
Para mim, ao ouvir esta música, este mesmo momento é eterno!
Enquanto a ouço espero, aguardo incansavelmente, pelo anúncio da claridade, e tudo o que consigo ver é um olhar. Um só olhar...
… enquanto a ouço tenho a alegria de viajar e faço viagens que não pertencem a ninguém, nem a mim próprio, senão a ti! Mas a mais ninguém, até porque quem não ama raramente tem esta alegria de viajar, de voar em direcção a alguém!
É com esta música que me encontro e reencontro quando me sinto à deriva. O mundo dá muitas e tantas voltas e, de repente, sem aviso, sem nos apercebermos, do tudo, nada sobra! Apenas a memória da mente e o sentir pulsado do coração. É aí que voltam os fantasmas…
Os pensamentos que se perderam, os momentos que existiram, que se partilharam, tantos instantes que se ergueram, horas e horas de deliciosa “tortura” que não quero entender… não importo, não entender! O importante, isso sim, é que aconteceram, existiram! Foram reais, sim, ainda que a minha alma por vezes duvide e o meu corpo chame, soluce, enquanto aguarda para viver com ferocidade, com o teu corpo!
Muito mais que uma simples vontade, hoje falámos pouco do muito que há para ser falado. Ainda que não falemos, porque há neste momento um mar que nos separa, os nossos olhares tudo dizem num turbilhão de emoções onde nos perdemos e voltámos a encontrar!
Ennio Morricone - Cinema Paradiso
Ennio Morricone é um dos grandes compositores da actualidade. Facto que lhe mereceu já, até, uma homenagem da academia de Hollywood. Ao longo da sua carreira foi responsável pela composição e arranjo de mais de 500 filmes e programas de televisão. Morricone escreveu algumas das bandas sonoras de filmes como: Por um Punhado de Dólares; Era uma vez na América;A Missão; Os Intocáveis; Cinema Paraíso; Lolita; e Malena.
Focando a minha atenção no Cinema Paraíso, este filme conta uma história fantástica e emotiva de um miúdo, Totó (Salvatore Cascio), numa pequena vila italiana, depois do fim da segunda Guerra Mundial, que vê no cinema local a sua principal diversão, passando muito tempo com o projeccionista, o senhor Alfredo (Philippe Noiret), que o ensina tudo sobre a sétima arte, mudando para sempre a vida de Totó. Os dois personagens, verdadeiramente, completam-se no filme e a química entre ambos está presente em todas as cenas juntos, mostrando um o valor da amizade verdadeira. Esta obra é um dos marcos da história do cinema pela forma bela e mágica que o realizador, Giuseppe Tornatore, declara todo o seu amor a sétima arte onde tudo nos é permitindo: sonhar; sorrir; e derramar algumas lágrimas porque, de certeza absoluta, nos vamos emocionar.
Além de todas estas particularidades, o filme, de facto, conta com uma banda sonora memorável, daquelas capazes de nos fazer cair lágrimas, muitas lágrimas, onde nem sequer será necessário dizer mais nada sobre a música, pois ela simplesmente conquista-nos e emociona-nos profundamente.