quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Inspiração Celestial

Como já escrevi aqui, Johann Sebastian Bach é o começo e o fim de toda a música. É, para mim, o maior compositor de todos os tempos passados e de todos os futuros que vierem. Como fenómeno criador, ele representa o fim de uma época da história da música, o barroco, mas também mais do que isso: Bach é a síntese de toda a música que o precedeu e é, sem dúvida alguma, a chave para toda a música que veio depois!

A "Paixão Segundo São Mateus” é, talvez, a única prova musical, palpável, de que Deus existe. É uma obra absolutamente impactante, na qual é impossível ficar-lhe indiferente. Ela representa o sofrimento e a morte de Cristo segundo o Evangelho de São Mateus. O compositor queria que esta Paixão empolgasse quantos a escutassem e, de facto, existe nela uma precisão sem circunlóquios difícil de encontrar. Existem obras imortais que, pela sua força e presença, são indispensáveis de se conhecer e ouvir, pelo menos, uma vez na vida: A Nona de Beethoven; qualquer um dos últimos 10 concertos para piano de Mozart; a Oitava de Schubert; Concerto para piano Nº 2 de Brahms; alguma ópera de Wagner; e… A Paixão Segundo São Mateus, de Bach.

Nesta obra, com a inesquecível e transcendental ária para contralto “Erbarme Dich”, quase conseguimos chorar de emoção e alegria por estar perante a música dos Deuses.
É Divina, uma Inspiração Celestial. É uma das obras mais belas de sempre. Sem palavras, simplesmente ouçam-na e deixam-se levar, por alguns momentos, pela sua intensidade, para fora deste mundo.


Se Deus realmente existe então ditou este trabalho maravilhoso directamente ao ouvido de Bach. É a minha obra de sempre e, a par disso, a que menos ouço. Para ouvi-la é preciso um estado de espírito certo, o que é um tanto ou quanto raro de atingir.

Esta gravação é uma das melhores interpretações de que há registo. É a mais bela participação de uma intérprete com uma orquestra. Ela entra pelo ouvido e vai bem fundo directamente à alma. Há quem diga que a cantora estava em transe quando gravou. Que estava fora deste mundo. Uma coisa é certa, não há palavras. Sempre que a ouço, tenho a sensação de que nada mais me é necessário para atingir o êxtase celestial.

Percam 1, 2, 3… 7 minutos a ouvir. Tenham esse privilégio!

Sem comentários: