quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Cinema Paraíso

Façam o seguinte exercício:
1 - Comecem a ouvir esta música, deixem-na tocar na alma; e
2 - Fechem os olhos e deixem chegar a noite pois com ela chegará, também, a manhã que se declara no primeiro esplendor da luz.

Para mim, ao ouvir esta música, este mesmo momento é eterno!
Enquanto a ouço espero, aguardo incansavelmente, pelo anúncio da claridade, e tudo o que consigo ver é um olhar. Um só olhar...
… enquanto a ouço tenho a alegria de viajar e faço viagens que não pertencem a ninguém, nem a mim próprio, senão a ti! Mas a mais ninguém, até porque quem não ama raramente tem esta alegria de viajar, de voar em direcção a alguém!

É com esta música que me encontro e reencontro quando me sinto à deriva. O mundo dá muitas e tantas voltas e, de repente, sem aviso, sem nos apercebermos, do tudo, nada sobra! Apenas a memória da mente e o sentir pulsado do coração. É aí que voltam os fantasmas…
Os pensamentos que se perderam, os momentos que existiram, que se partilharam, tantos instantes que se ergueram, horas e horas de deliciosa “tortura” que não quero entender… não importo, não entender! O importante, isso sim, é que aconteceram, existiram! Foram reais, sim, ainda que a minha alma por vezes duvide e o meu corpo chame, soluce, enquanto aguarda para viver com ferocidade, com o teu corpo!

Muito mais que uma simples vontade, hoje falámos pouco do muito que há para ser falado. Ainda que não falemos, porque há neste momento um mar que nos separa, os nossos olhares tudo dizem num turbilhão de emoções onde nos perdemos e voltámos a encontrar!

Ennio Morricone - Cinema Paradiso

Ennio Morricone é um dos grandes compositores da actualidade. Facto que lhe mereceu já, até, uma homenagem da academia de Hollywood. Ao longo da sua carreira foi responsável pela composição e arranjo de mais de 500 filmes e programas de televisão. Morricone escreveu algumas das bandas sonoras de filmes como: Por um Punhado de Dólares; Era uma vez na América;A Missão; Os Intocáveis; Cinema Paraíso; Lolita; e Malena.

Focando a minha atenção no Cinema Paraíso, este filme conta uma história fantástica e emotiva de um miúdo, Totó (Salvatore Cascio), numa pequena vila italiana, depois do fim da segunda Guerra Mundial, que vê no cinema local a sua principal diversão, passando muito tempo com o projeccionista, o senhor Alfredo (Philippe Noiret), que o ensina tudo sobre a sétima arte, mudando para sempre a vida de Totó. Os dois personagens, verdadeiramente, completam-se no filme e a química entre ambos está presente em todas as cenas juntos, mostrando um o valor da amizade verdadeira. Esta obra é um dos marcos da história do cinema pela forma bela e mágica que o realizador, Giuseppe Tornatore, declara todo o seu amor a sétima arte onde tudo nos é permitindo: sonhar; sorrir; e derramar algumas lágrimas porque, de certeza absoluta, nos vamos emocionar.

Além de todas estas particularidades, o filme, de facto, conta com uma banda sonora memorável, daquelas capazes de nos fazer cair lágrimas, muitas lágrimas, onde nem sequer será necessário dizer mais nada sobre a música, pois ela simplesmente conquista-nos e emociona-nos profundamente.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Inspiração Celestial

Como já escrevi aqui, Johann Sebastian Bach é o começo e o fim de toda a música. É, para mim, o maior compositor de todos os tempos passados e de todos os futuros que vierem. Como fenómeno criador, ele representa o fim de uma época da história da música, o barroco, mas também mais do que isso: Bach é a síntese de toda a música que o precedeu e é, sem dúvida alguma, a chave para toda a música que veio depois!

A "Paixão Segundo São Mateus” é, talvez, a única prova musical, palpável, de que Deus existe. É uma obra absolutamente impactante, na qual é impossível ficar-lhe indiferente. Ela representa o sofrimento e a morte de Cristo segundo o Evangelho de São Mateus. O compositor queria que esta Paixão empolgasse quantos a escutassem e, de facto, existe nela uma precisão sem circunlóquios difícil de encontrar. Existem obras imortais que, pela sua força e presença, são indispensáveis de se conhecer e ouvir, pelo menos, uma vez na vida: A Nona de Beethoven; qualquer um dos últimos 10 concertos para piano de Mozart; a Oitava de Schubert; Concerto para piano Nº 2 de Brahms; alguma ópera de Wagner; e… A Paixão Segundo São Mateus, de Bach.

Nesta obra, com a inesquecível e transcendental ária para contralto “Erbarme Dich”, quase conseguimos chorar de emoção e alegria por estar perante a música dos Deuses.
É Divina, uma Inspiração Celestial. É uma das obras mais belas de sempre. Sem palavras, simplesmente ouçam-na e deixam-se levar, por alguns momentos, pela sua intensidade, para fora deste mundo.


Se Deus realmente existe então ditou este trabalho maravilhoso directamente ao ouvido de Bach. É a minha obra de sempre e, a par disso, a que menos ouço. Para ouvi-la é preciso um estado de espírito certo, o que é um tanto ou quanto raro de atingir.

Esta gravação é uma das melhores interpretações de que há registo. É a mais bela participação de uma intérprete com uma orquestra. Ela entra pelo ouvido e vai bem fundo directamente à alma. Há quem diga que a cantora estava em transe quando gravou. Que estava fora deste mundo. Uma coisa é certa, não há palavras. Sempre que a ouço, tenho a sensação de que nada mais me é necessário para atingir o êxtase celestial.

Percam 1, 2, 3… 7 minutos a ouvir. Tenham esse privilégio!

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Calling All Angels

Chamo por ti, Anjo, no silêncio da escuridão. Já deixei de contar as noites que passo acordado enquanto aguardo, lentamente, que o sol me traga uma nova luz de esperança. Vagueio pelas incertezas que caminham em mim, em direcção a labirintos desordenados e caminhos esquecidos. Peço-te, Anjo, que me deixes destruir, ainda que em toda a minha vida eu tenha esperado por alguém como tu para amar, na loucura do desejo que me agonia.

Sei que me observas, sentada numa nuvem, enquanto eu invoco o teu nome, sem reposta, na penumbra do meu canto. Olho para o céu e pergunto por ti, pergunto porquê... Porque é que não estás unida a mim? Porque não me apertas num abraço? Porque não me dás um beijo malandro? Porque não me dás um beijo doce e apaixonado? Porque não me atiras ao chão e sacias a tua sede de mim?

Chamo por ti, Anjo, para que te possa cercar com as mãos, para que os nossos braços se entrelacem e te possas encostar a mim. Quero dar-te a boca para que a possas sentir num momento de paixão absoluta. Para que me arranques um beijo resignado como quem arranca um grito sofredor, vencido pelo cansaço.

No entanto, as noites sucedem-se sem resposta. Sem qualquer resposta tua, Anjo, e adormeço quando chega um novo dia. Sem ti…


Lenny Kravitz - Calling All Angels

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

You are so beautiful

És tão linda… quando as palavras que me escreves adquirem a mais harmoniosa expressão do teu olhar profundo.
És tão linda… quando o teu sorriso se agarra à minha alma e a contagia de alegria.
És tão linda… quando me fazes escrever bonitas frases, sentimentos, desejos e sonhos que deslizam pela ponta dos dedos na suavidade do papel macio como se de segredos desvendados se tratassem.
És tão linda… quando te imagino no momento eterno dum beijo, um instante fugaz que fica gravado na minha memória, ainda que as palavras entre nós adquiram um corpo ausente de desejo.
És tão linda… quando consigo sentir o sabor da tua boca, apenas por imaginá-la, beber-lhe os desejos, encostada à minha, ainda que seja o único pedaço de vida de ti e tudo o resto esteja esquecido.
És tão linda... quando em cada minuto de ausência tua sinto a vida suspendida para que não me canse de esperar.
És tão linda… quando te demoras a procurar-me e, ainda assim, sinto-te intensamente no tempo que vai ficando para trás.
És tão linda… quando sinto que te agarras a mim, ainda que longe, e sentes as saudades desse abraço, mesmo no silêncio de não me teres contigo.

És tão linda… quando és um fogo, uma paixão que, longe ou perto, presente ou ausente, ontem ou hoje ou amanhã, me preenche o coração e a alma. Porque te quero como só eu sei querer, sem nunca te encontrar, desejo, dentro e fora do pensamento, mesmo na ausência, na tentativa de te encontrar, viver sem deixar de respirar por ti!


Joe Cocker - You are so beautiful (nearly unplugged)

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Goodbye My Lover

“Conheço-te bem, conheço o teu cheiro.
Eu estive viciado em ti.
Sou um sonhador, mas quando eu acordo,
tu não podes destruir o meu espírito – e são meus os sonhos onde tu estás.”


E nesse meu sonho…

... sento-te na beira da cama que já foi, um dia, nossa!
Vou buscar uma bacia com água quente...
... sento-me ajoelhado, com as pernas dobradas, aos teus pés...
... e coloco-tos dentro de água!
Lavo-tos, primeiro, gentilmente com o teu óleo preferido, perfumado, de amêndoas doces e pétalas de rosas, para que possas relaxar, meu amor!
Depois, um a um, amavelmente, enxugo-os e apoio-os em cima das minhas pernas!
E faço-lhes uma massagem!
Com os polegares pressiono, em movimentos circulares, a plante dos pés e com os restantes dedos vou massajando a zona superior e os teus dedos como se fossem teclas de piano.
Faço-te uma deliciosa massagem aos pés!
Com as minhas mãos fortes e grandes de homem...
... que te agarram os pés com firmeza!
Com aquela firmeza necessária para te fazer estremecer....
... e suspirar!
Sinto-te o corpo vibrar como se fosses atingida por uma energia tectónica que te abala!
Olho para ti e rebolas a cabeça, lentamente, de olhos fechados, com meio sorriso de satisfação, enquanto o cabelo te percorre os ombros, o pescoço, as costas!
Claro que...
... os pés podem ser apenas um ponto de partida!
Mas cedo à tentação de fazer deslizar as mãos por dentro do teu vestido de linho branco, por entre as tuas pernas, escondidas, que eu gostaria de invadir com provocação!
Depois...
... puxo-te uma perna para cima e apoio-a no meu peito nu!
Os tornozelos estão ali, ao alcance dos meus lábios...
... enquanto eu te toco na pele macia...
... e te massajo a pele e o músculo...
... roço, de um jeito meigo, a minha barba pelo teu pé!
Sinto-te o arrepiar instantâneo do corpo!
E massajo, acaricio a canela com movimentos longos...
... os músculos, os gémeos!
E sinto-te a pele doce, frágil, suave e cheirosa...
... com aquele toque de seda que só uma linda mulher consegue ter!
Nesta altura já tens uma das pernas apoiada no meu ombro...
... e continuo com as mãos, firmes, contudo, delicadas!
E beijo-te de seguida...
... o tornozelo!
A parte superior do pé!
Ai, sim, sentes a barba a fazer-te ligeiras cócegas...
... embora, sensações muito agradáveis!
Vou aproximando o corpo da cama, do teu corpo, o que me permite ficar, cada vez mais, perto do teu joelho!
Enquanto sinto a tua pele perfumada...
... aquele cheiro meloso, agradável, sedutor, que já me é tão familiar, de ti…
... inclino a cabeça e beijo-te a parte de trás do joelho!
Aqui sim... soltas uma risada!
Porque, por momentos, sentiste aquela maravilhosa sensação mista de arrepio, excitação e desejo!
E sussurraste, finalmente, aquele som, aquele gemido meigo e provocante, tão característico em ti!!!

“Quando eu estiver ajoelhado aos teus pés
Adeus meu amor,
Adeus minha amiga,
Tu tens sido a única.
Tu tens sido a única para mim.
Estou tão vazio, querida, estou tão vazio
Estou tão, estou tão, estou tão vazio.”

James Blunt - Goodbye My Lover